segunda-feira, 17 de junho de 2019


DILATAÇÃO–EJEÇÃO ... EREÇÃO-EJACULAÇÃO

Essa interpretação do reflexo de ejeção do feto sugere quão complexo, sutil e, portanto, vulnerável é o processo normal do parto nos humanos. Tal interpretação não compete com outros pontos de vista ou teorias: o tópico é o novo. Até agora, a prioridade nunca foi aperfeiçoar nosso entendimento dos processos normais. Essa é a razão pela qual, durante décadas, a maioria dos bebês ocidentais nasceu num ambiente eletrônico sem qualquer avaliação apropriada de seus efeitos nos processos fisiológicos. Muitas notícias publicadas na maioria dos jornais médicos autorizados concordam que o único efeito estatístico significante do aparato eletrônico usado durante o trabalho de parto é aumentar o índice de cesarianas e partos fórceps.
Isso quer dizer que entramos numa nova fase na história do parto: vamos chamar de era pós-eletrônica. Só porque as equipes cirúrgicas em todos os hospitais podem realizar com segurança essa maravilhosa salvação chamada cesariana, não significa que devemos parar de tentar melhorar nosso entendimento do processo normal de parto. Necessitamos ser mais científicos.
De fato, nossa interpretação do reflexo de ejeção do feto tem paralelo com outros episódios da vida sexual, cuja complexidade tem sido estudada mais detalhadamente, como a ejaculação no orgasmo masculino. A ejaculação é controlada pelo sistema nervoso simpático, que usa a adrenalina – o hormônio da agressividade – como mediador. A curta fase da ejaculação é geralmente precedida por uma fase mais longa de ereção. Isso está sob o controle do sistema nervoso parassimpático, que é inibido pela adrenalina. As semelhanças fisiológicas entre a ejeção e a ejaculação são óbvias.
Estabelecendo esse paralelo entre o reflexo de ejeção do feto e a ejaculação, os eventos da vida sexual podem ser facilmente interpretados. Existe uma combinação ou uma sucessão de episódios passivos e ativos, violentos e até mesmo agressivos.

Do livro Água e Sexualidade de Michel Odent

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