DILATAÇÃO–EJEÇÃO
... EREÇÃO-EJACULAÇÃO
Essa
interpretação do reflexo de ejeção do feto sugere quão complexo, sutil e,
portanto, vulnerável é o processo normal do parto nos humanos. Tal
interpretação não compete com outros pontos de vista ou teorias: o tópico é o
novo. Até agora, a prioridade nunca foi aperfeiçoar nosso entendimento dos
processos normais. Essa é a razão pela qual, durante décadas, a maioria dos bebês
ocidentais nasceu num ambiente eletrônico sem qualquer avaliação apropriada de
seus efeitos nos processos fisiológicos. Muitas notícias publicadas na maioria
dos jornais médicos autorizados concordam que o único efeito estatístico
significante do aparato eletrônico usado durante o trabalho de parto é aumentar
o índice de cesarianas e partos fórceps.
Isso quer dizer
que entramos numa nova fase na história do parto: vamos chamar de era
pós-eletrônica. Só porque as equipes cirúrgicas em todos os hospitais podem
realizar com segurança essa maravilhosa salvação chamada cesariana, não significa
que devemos parar de tentar melhorar nosso entendimento do processo normal de
parto. Necessitamos ser mais científicos.
De fato, nossa
interpretação do reflexo de ejeção do feto tem paralelo com outros episódios da
vida sexual, cuja complexidade tem sido estudada mais detalhadamente, como a ejaculação
no orgasmo masculino. A ejaculação é controlada pelo sistema nervoso simpático,
que usa a adrenalina – o hormônio da agressividade – como mediador. A curta fase
da ejaculação é geralmente precedida por uma fase mais longa de ereção. Isso
está sob o controle do sistema nervoso parassimpático, que é inibido pela
adrenalina. As semelhanças fisiológicas entre a ejeção e a ejaculação são
óbvias.
Estabelecendo
esse paralelo entre o reflexo de ejeção do feto e a ejaculação, os eventos da
vida sexual podem ser facilmente interpretados. Existe uma combinação ou uma
sucessão de episódios passivos e ativos, violentos e até mesmo agressivos.
Do livro Água e
Sexualidade de Michel Odent
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