segunda-feira, 26 de agosto de 2019


Parir dói...
Mas não é como nos contam.

Porque dói
De mil dores, sim.

Porque você está ajudando a nascer seu filho, mas também está se parindo

Dói porque logo
Percebe e conhece o poder de seus quadris, que se abrem até muito mais que o limite.

Dói porque todos os seus ossos e órgãos, tudo aquilo que em você conhece e desconhece,

Em seu eu corpo,
Em seu eu pele,
Em seu eu mulher, fêmea, animal... Se expande além dos limites,
Além do que jamais em sua vida poderia ou voltaria a sentir.

Claro que dói parir.
Muito,

De mil dores, te digo.

Quando as contrações te deixam sem ar.
Quando o medo te esvazia e bloqueia.
Quando te laceras com a fúria do fogo.
Quando faz força e seu corpo se transforma em uma maquinaria pesada, ruidosa, lenta, dolorida e adormecida... Tão bonita e poderosa.

Quando a vontade se dissipa e você está tão cansada que já não pode mais. “Vou morrer” diz, e é verdade: você morre.
E que maravilha ver você morrer assim, Deusa.
Que presente.

Sim, algo da mulher que conhece morre um pouco e você se pari, irmã, a você mesma em um ato de poder, de generosidade e entrega.
Em um ato humilde e místico.

Assim, tão pesada, ruidosa, assustada, dolorida e cansada... você nasce.

E isso, não nos contam.
Isso você vive e se vive vendo você mesma.
E é justamente aí, quando acredita ter morrido, quando sente e grita que já não pode mais, que aí para tudo. Que já não continua...
Justo quando está no limbo do neocórtex e no limbo também da vida/morte/vida, que a coroação está perto.
Que seu bebê empurra... e você empurra...
Que a conexão se abre.

E esse ato sagrado, de sangue, líquido, ocitocina, suor, amor e grito... Tem o som quase silencioso,
O som dos ecos, do universo e as raízes... Que é o canto do nascimento da vida.
Hmmm profundo som das águas... E então... Seu filho nasce de você, com você.

Quentinho. Enrrugado. Assustado. Vulnerável.
Filhote... tão lindo.
Preparado para te cheirar e amar... Como você,
Nova mulher,
Parideira da vida, do prazer
E de você mesma. Mãe.

Tradução do texto de LaTribuLunera

segunda-feira, 5 de agosto de 2019


SOBRE A DOR



Hoje pela manhã estive refletindo sobre a dor, essa sensação que só de falar já nos causa má impressão. Temos em nosso imaginário uma conotação negativa em relação a ela. Mas a verdade é que a dor é sumamente necessária para o nosso crescimento e amadurecimento. E essa compreensão me chegou através do livro ‘Para que o amor dê certo’ de Bert Hellinger, criador da Constelação Femiliar. Nele, Hellinger fala sobre os relacionamento entre casais e a dor, quase que universal, que há no amor.
Tod@s já sentimos dor ao longo da vida e vamos continuar sentindo. A dor está presente na transição de ciclos e vivenciamos isso em muitos momentos. Há dor quando alguém finaliza a vida, há dor quando finalizamos um relacionamento ou fechamos um processo, há dor quando nos despedimos para viver em outro lugar ou quando vemos alguém partir. E essa dor pode ser vivida de diferentes maneiras: com mais ou menos consciência; de forma mais ou menos intensa; com muito ou pouco peso. Mas ela está lá e é importante fazermos uma reverência, vivê-la e dar-lhe um lugar.
A dor do parto não é diferente. E a reflexão da importância da dor para nosso processo de amadurecimento me parece bastante coerente quando penso no parto. Eu já acompanhei muitos partos como parteira, como ajudante ou só assistindo mesmo. E em todos eles me admiro com a intensidade do processo. É inegável a sua potência, porque é inegável a potência de assumir o papel de mãe, o papel mais importante da humanidade. E consigo perceber claramente a transformação das mulheres quando atravessam o processo do parto, quando deixam de ser apenas mulheres e passam a ser mães. É inominável essa beleza. É divina. E o mais intrigante é que o hormônio responsável por causar as contrações uterinas - a ocitocina – é também o hormônio responsável pela formação de vínculos entre os seres, é o hormônio do amor. Logo, chegamos à conclusão de que o amor dói, mas é através dele que crescemos, que transitamos em diferentes versão de nós mesmos. Porque, ao longo da vida, nascemos e morremos diversas vezes.

Texto: Aliane Guimarães

quarta-feira, 31 de julho de 2019


A ESCOLHA DA VIA DE PARTO


Estamos vivendo um momento de grandes mudanças no cenário do parto urbano. Houve, nos últimos 30 anos, um aumento significativo na taxa de cesariana em diversos países do mundo. Houve a transferência do parto em casa para o parto hospitalar. Houve a substituição das parteiras por profissionais da saúde. E, atualmente, observamos o movimento de volta do parto normal, em casa e assistido por parteiras, só que com uma outra roupagem, usando os calçados firmes das evidências científicas.
Pensar no parto normal é pensar no processo natural da vida. Deixar descendentes é um tentativa de manutenção da espécie. Logo, parir por via vaginal é tão antigo quanto a própria humanidade. Apenas recentemente a cesariana veio sendo utilizada: inicialmente, para salvar a vida dos bebês em partos complicados e, atualmente, como uma alternativa para extinguir as sensações e processos do parto normal.
A via de parto é, hoje, muitas vezes, uma questão de escolha. E como toda escolha traz consequências, precisamos ter muita consciência das escolhas que fazemos. Tanto o parto normal como a cesariana envolvem riscos. Na verdade, vamos combinar que viver é correr riscos! A questão é que, quando fazemos escolhas, colocamos em uma balança imaginária os riscos e benefícios, na tentativa de tomar a decisão mais coerente com o que desejamos experenciar. Então é sumamente importante se empoderar para trazer mais elementos à essa balança e poder ter uma visão mais ampla. E o empoderamento está também em buscar mais informações, conversar com quem já passou por isso, ouvir diferentes opiniões, ao invés de buscar apenas a mesma fonte e, acima de tudo, sentir o que nossa alma quer, ouvir-se internamente. Se você encontra-se muito confusa, então procure organizar outros aspectos em sua vida. Arrume seu guarda-roupa, sua bolsa, sua casa, aquele quarto que há anos precisa de uma organização. Vai ver que assim vamos nos liberando aos poucos e chegando à compreensão do que queremos.
Fazendo escolhas conscientes, podemos prospectar um futuro mais harmônico com a nossa verdade.

Texto: Aliane Guimarães

Uma excelente escolha!

Águas de Parto

quarta-feira, 24 de julho de 2019


O SIGNIFICADO DE FISIOLÓGICO


Não devemos confundir o termo ‘fisiológico’, com o termo ‘normal’. Uma atitude ou um comportamento podem ser considerados ‘normais’ em um dado país, mas não em outro. O termo ‘fisiológico’ também não significa que ‘deveria ser exatamente assim’. O que é ‘fisiológico’ é um ponto de referência, do qual tentamos não nos afastar muito. Quando desviamos além de um certo limite, há efeitos colaterais patológicos; e quando nós precisamos nos desviar da referência fisiológica, devemos estar constantemente conscientes do grau de qualquer desvio. Os fisiologistas exploram as funções normais do corpo – o que é universal, o que atravessa culturas. Após milênios de interferências culturais rotineiras no processo do parto, é mais necessário que nunca voltar às raízes.
Comecei a entender a fisiologia do parto no começo dos anos de 1960. Durante um trabalho de parto longo e difícil, algumas vezes usávamos uma droga chamada, nos países de língua inglesa, de GBH. Essa substância é, na verdade, muito similar à produção química cerebral GABA, que, sabemos, tem efeito de bloquear a transmissão de uma célula cerebral a outra. Quando mulheres em trabalho de parto recebiam GBH, a atividade do que podemos chamar de cérebro racional ficava reduzida. Com a administração desta droga, as mulheres ficavam agitadas, gritando, se comportando como que em um sonho... e o parto então era incrivelmente fácil e rápido. A empresa farmacêutica mencionou que GBH tinha um ‘efeito ocitocina’ tal, que tenderia a reforçar as contrações uterinas durante o trabalho de parto. Percebi que aquilo não era um efeito genuíno da ocitocina, e que, na verdade, era como se uma trava tivesse sido solta e um fluxo de hormônios tivesse sido liberado de repente. Claro, o comportamento de mulheres gritando sem nenhuma inibição era considerado inaceitável em um ambiente hospitalar, e havia falta de dados sobre os possíveis efeitos colaterais. Então, por várias razões, nosso entendimento do efeito do GBH durante o trabalho de parto é anedótico, mas, a partir destas histórias, aprimorei meu entendimento do processo de parto.
A linguagem dos fisiologistas modernos pode explicar claramente o que está acontecendo quando uma mulher está dando a luz.
Michel Odent – A Cientificação do Amor

quinta-feira, 11 de julho de 2019


FAZER ESCOLHAS CONSCIENTES


Você é a soma total das escolhas que faz. Em um nível muito básico, as escoljas que você faz determinam suas experiências sensoriais – o que você ouve, sente, vê, saboreia, cheira. Quando você está em contato com as experiências interiores que resultam das sensações que recebe do mundo, você está em contato com o âmago da sua vida. Cada experiência tem um impacto em sua biologia. Tudo o que aconteceu com você está registrado em seu corpo; a cada nova experiência, seu corpo muda. Quanto mais consciente você escolher suas experiências, mais consciente criará seu corpo.
A gravidez não é apenas algo que está acontecendo com você; é um desdobramento miraculoso que você está cocriando. Durante nove meses, você é o meio ambiente de seu bebê por nascer, e seu bebê é afetado por todas as suas experiências. No âmago do seu ser, você já sabe disso, porque já viveu essa experiência e sentiu essas sensações enquanto se desenvolvia e crescia no ventre de sua mãe. Agora que está informação está disponível para sua mente consciente, faça uso dela para criar um princípio mágico para seu bebê.

Deepak Chopra – Origens mágicas, vidas encantadas

quarta-feira, 26 de junho de 2019


ÚTERO, MATRIZ SAGRADA



Dentro de ti, o universo. Útero, caldeirão alquímico que nos conecta com a natureza da vida-morte-vida, com a força primordial do sangue e a ciclicidade da terra. Todo mês sangramos e deixamos morrer, experimentamos todas as estações em nós, contraindo e expandindo nossas energias como tudo o que é vivo. O útero é nossa primeira casa, matriz sagrada, geradora e acolhedora de toda a vida, cálice que aquece, sustenta, guarda, nutre, a fonte da vida.
O útero fica localizado dentro da pelve, uma estrutura óssea que contém e protege os órgãos da bacia (bexiga, útero e reto). Segundo o Tantra, na pelve ficam localizados dois grandes centros de energia, os chakras Muládhara (na base da coluna) e Svadhistana (na altura do útero). Svadhistana significa “morada do eu”. Esse chakra rege os líquidos do nosso corpo e é orientado pela lua e seus ciclos. O útero tem uma parte física e também uma correspondência energética. Por isso, mesmo quando o órgão não está presente fisicamente, sua energia sutil permanece.
Dentro do útero podemos gestar uma vida e oferecer a um ser todos os nutrientes físicos e energéticos de que ele precisa para se desenvolver saudavelmente. Se não gestamos, liberamos essa terra fértil rica em nutrientes todos os meses em forma de menstruação.
Precisamos tomar consciência de nossos úteros. O útero é nosso segundo coração, nosso coração arcaico, ligados às nossas entranhas e ao coração da Terra. É nosso centro de poder, a partir dele podemos nos alinhar para tomar decisões e nos apropriar de nossas vidas.
O útero tem o tamanho de punho ou uma pequena pêra e pode expandir até 10 vezes seu tamanho durante a gestação. Em nosso útero podemos guardar memórias de nossas vidas (como de relacionamentos passados, abusos vividos), memórias de nossas antepassadas ou mesmo memórias do inconsciente coletivo.
Também podemos guardar informações a nível celular e energético de nossos parceiros sexuais por anos. Algumas tradições espirituais dizem que retemos essas informações por pelo menos 3 anos (alguns dizem 7, outros ainda 9). Por isso, precisamos ter muita consciência sobre para quais pessoas decidimos abrir nosso campo energético e trocar nossos fluidos. É importante seguirmos o caminho da sexualidade sagrada e consciente que implica profundo respeito e entrega entre os parceiros durante o ato sexual, para que o amor e o prazer possam fluir. Precisamos limpar o nosso condicionamento em relação ao sexo (hoje tão pautado pela pornografia que normatiza uma sexualidade focada na violência, no esvaziamento emocional e na performance) e abrindo nossos corpos e almas para o outro, com profundo amor e respeito durante essa troca energética tão profunda.
Quando vivemos situações de abuso, traumas, relacionamentos (antigos e do presente) que nos fazem ou fizeram sofrer, nosso útero sente. Por isso precisamos cuidar da saúde física, emocional e energética do nosso útero através de limpezas e pequenos gestos e rituais. Olhar para nossas memórias, contar suas histórias, compartilhá-las com outras mulheres, criar rituais para fechar ciclos de relacionamentos passados, memórias, vivências de aborto, abuso ou divórcios. Toda a nossa vida como mulheres está registrada em nosso útero e precisamos olhar para elas com amor e limpar suas feridas.

Naíla Andrade Sarkar – Mandala Lunar 2019

segunda-feira, 17 de junho de 2019


DILATAÇÃO–EJEÇÃO ... EREÇÃO-EJACULAÇÃO

Essa interpretação do reflexo de ejeção do feto sugere quão complexo, sutil e, portanto, vulnerável é o processo normal do parto nos humanos. Tal interpretação não compete com outros pontos de vista ou teorias: o tópico é o novo. Até agora, a prioridade nunca foi aperfeiçoar nosso entendimento dos processos normais. Essa é a razão pela qual, durante décadas, a maioria dos bebês ocidentais nasceu num ambiente eletrônico sem qualquer avaliação apropriada de seus efeitos nos processos fisiológicos. Muitas notícias publicadas na maioria dos jornais médicos autorizados concordam que o único efeito estatístico significante do aparato eletrônico usado durante o trabalho de parto é aumentar o índice de cesarianas e partos fórceps.
Isso quer dizer que entramos numa nova fase na história do parto: vamos chamar de era pós-eletrônica. Só porque as equipes cirúrgicas em todos os hospitais podem realizar com segurança essa maravilhosa salvação chamada cesariana, não significa que devemos parar de tentar melhorar nosso entendimento do processo normal de parto. Necessitamos ser mais científicos.
De fato, nossa interpretação do reflexo de ejeção do feto tem paralelo com outros episódios da vida sexual, cuja complexidade tem sido estudada mais detalhadamente, como a ejaculação no orgasmo masculino. A ejaculação é controlada pelo sistema nervoso simpático, que usa a adrenalina – o hormônio da agressividade – como mediador. A curta fase da ejaculação é geralmente precedida por uma fase mais longa de ereção. Isso está sob o controle do sistema nervoso parassimpático, que é inibido pela adrenalina. As semelhanças fisiológicas entre a ejeção e a ejaculação são óbvias.
Estabelecendo esse paralelo entre o reflexo de ejeção do feto e a ejaculação, os eventos da vida sexual podem ser facilmente interpretados. Existe uma combinação ou uma sucessão de episódios passivos e ativos, violentos e até mesmo agressivos.

Do livro Água e Sexualidade de Michel Odent

segunda-feira, 10 de junho de 2019


EXERCÍCIOS PARA CONEXÃO COM O BEBÊ


  •  Ponha a mãe sobre a barriga algumas vezes durante o dia e envie pensamentos amorosos a seu bebê por nascer.
  •  Registre num diário suas experiências a cada dia.
  •  Logo no princípio da gravidez, plante uma árvore ou um arbusto florido para simbolizar o crescimento do seu bebê em seu ventre. Depois que a criança nascer, vocês poderão cuidar da planta juntas.
  •  Leia histórias encantadoras e poesia sensível em voz alta para seu bebê e ouça músicas bonitas e relaxantes todos os dias.
  •  Faça uma massagem de óleo diariamente em si mesma antes do banho.
  •  Difunda um aroma enquanto estiver ouvindo música, tomando um banho de imersão na banheira ou meditando, para criar a associação entre a fragrância e o estado de consciência relaxado.

Deepak Chopra

domingo, 2 de junho de 2019


DE CÓCORAS. MELHOR? MAIS FÁCIL? POR QUÊ?



Depois que a gente viu a “indiana”, começamos a pensar nos porquês.
Por que será mais fácil?
Por que causa menos lesão?
A explicação é simples. Para perceber, não precisa de muito esforço.
Prestem atenção.
Primeiro, uma pergunta.
- Para a criança nascer, o que é mais fácil, uma vagina fechada ou uma vagina aberta?
- Aberta, claro.
- Muito bem.
Na mulher deitada, o colchão da cama empurra as nádegas juntamente com o cóccix para cima. O cóccix é o osso do fim da cokuna e é muito móvel. Empurrado para cima, com os tecidos moles das nádegas, estreitam o canal vaginal, por onde a criança tem que passar.
Na mulher, ao agachar-se, os músculos que cercam a vagina se abrem e, se ela inclinar o corpo para frente, o sacro e o cóccix basculam para trás, aumentando ainda mais o canal de parto.
- Qual rasga mais, a vagina aberta ou fechada?
- Fechada, naturalmente.
Entenderam?
Entenderam por que as índias que têm, em partos deitados, nenéns com as parteiras estão mais estragadas, têm rupturas maiores, prolapsos mais acentuados, incontinência urinária, insuficiência?
Tem mais.
- O que é mais fácil, empurrar um carro sem motor numa subida ou numa descida?
- Numa descida, lógico.
- Pois é.
Na mulher deitada, o canal do parto é uma violenta subida em curva, apontando diretamente para o teto da sala. É por ele que ela tem que empurrar o filho, com três, quatro quilos. A mulher, ao acocorar-se, transforma-o numa descida em direção ao chão.

Do livro Aprenda a nascer e a viver com os índios de Moysés Paciornik

sexta-feira, 31 de maio de 2019


CHECK-LIST PARA UM NASCIMENTO CONSCIENTE


Faça uma verificação para ver se você se sente completamente à vontade com os seguintes aspectos de sua experiência de dar à luz. Se você reconhecer que, de sua parte, ainda há trabalho obrigatório a fazer para se sentir plenamente preparada, assuma o compromisso de tomar medidas necessárias para ficar tão pronta quanto possível para seu trabalho de parto e nascimento de seu bebê.
  • Disponho de todas as informações de que preciso sobre o ligar onde darei a luz.
  • Estou consciente e sou capaz de manifestar meus medos e preocupações para a pessoa responsável pelos cuidados de minha saúde, minha família e para mim mesma.
  • Confio profundamente nas pessoas que estarão me dando apoio durante o trabalho de parto e a hora do nascimento.
  • Reconheço e aceito o fato de que haverá momentos durante o meu trabalho de parto em que precisarei abrir mão do controle da situação.
  • Sei que não há problema nenhum em gritar e fazer barulho durante o trabalho de parto e parto.
  • Sei que posso trabalhar com meu corpo durante as contrações.
  • Sei que as pessoas responsáveis pelos cuidados com minha saúde vão trabalhar comigo para me ajudar a criar o parto que eu desejo.
Do livro Origens Mágicas, Vidas Encantadas de David Simon e Vicki Abrams

quinta-feira, 30 de maio de 2019


MITOS E VERDADES SOBRE O PARTO NORMAL


“Eu vou ficar frouxa se parir normal?” Não, isso é um grande mito. A parede vaginal é muscular e ela tem a capacidade de elastecer e voltar ao normal. Com o passar dos anos, a parede vaginal de qualquer mulher tende a ficar mais flácida e os exercícios de Kegel são excelentes para seu fortalecimento e ele é recomendado para todas as mulheres. Então, não se preocupa quanto a isso. Sua vagina vai voltar ao seu tamanho original depois do parto.

“Eu não dilatei e precisei de uma cesárea.” Tecnicamente não existe falta de dilatação nas mulheres. Ela só não acontece quando não é esperado tempo suficiente e é feito a cesárea antes. A dilatação do colo do útero é um processo que só acontece com as contrações uterinas fisiológicas e, para isso, é preciso esperar que as mulheres entrem em trabalho de parto e permitir que esse trabalho de parto se desenvolva. Há mulheres que ficam em pródromos (trabalho de parto inicial) por dias. Uma cesariana realizada nesse momento não permite que a mulher entre na fase ativa do trabalho de parto, em que há contrações efetivas que fazem com que o colo do útero dilate.

“Eu não tive passagem.” Existem situações não muito comuns em que um bebê é grande demais para a bacia da mulher, ou então está numa posição que não permite seu encaixe. Não mais que 5% dos partos estariam sujeitos a essa condição e só podemos saber se um bebê atravessará o estreito inferior da bacia, se a mulher entra em trabalho de parto e chega ao período expulsivo, ou seja, depois da dilatação completa do colo uterino. Antes disso, é muito difícil saber se haverá uma desproporção cefalo-pélvica, termo técnico que designa tais situações.

“Meu bebê está com o cordão enrolado no pescoço.” O cordão umbilical é preenchido por uma gelatina, conhecida como Geleia de Wharton, que tem por função proteger e isolar as artérias e veia contidas no cordão. Isso confere ao cordão umbilical uma capacidade de se adaptar a diferentes formas. O oxigênio vem para o bebê através do cordão direto para a sua corrente sangüínea. Assim, o bebê não fica sufocado pelo cordão umbilical enrolado em seu pescoço, não se fazendo necessária a cesariana por esse motivo. Na verdade, muitos bebês nascem por via vaginal com o cordão enrolado no pescoço sem maiores complicações.

Um excelente parto a todas!

Águas de Parto

terça-feira, 28 de maio de 2019


SOBRE O VÉRNIX CASEOSO




Durante o último trimestre da gestação, o feto é recoberto por um biofilme protetor conhecido por vérnix caseoso, que forma nesta fase uma capa a prova de água a fim de permitir a maturação da pele. É uma espécie de pasta esbranquiçada e graxenta que recobre o bebê ao nascimento, lubrifica sua pele e facilita a passagem no canal de parto. É mais abundante nos bebês que nascem no tempo, escasso nos bebês que nascem depois do tempo, quase ausente nos prematuros e desaparece poucos dias após o nascimento.
Trata-se de um manto protetor contra a maceração pelo líquido amniótico e infecções bacterianas. É composto de 80,5% de água, 10% de lipídeos e 10% de proteínas.
O vernix confere ainda um sistema de defesa poderoso, além de conferir barreira mecânica contra bactérias. Pois algumas das proteínas nele contidas são peptídeos antimicrobianos.
Um estudo espanhol avaliou 1000 RN e o vernix caseoso estava presente em 42,9%. Foram fatores associados a presença do vernix: sexo feminino, RN saudáveis, peso de nascimento adequado e parto normal vaginal de mãe multípara. A ausência de vernix foi associada a presença de eritema toxico neonatal e presença de descamação cutânea. O autor refere que sua presença com características normais indica bem estar do RN, pois esteve associada a maiores índices de apgar.
O vernix não deve ser removido nas primeiras horas (exceto se houver risco de transmissão de doenças maternas) pelas suas propriedades protetoras de hidratação, termoregulação e cicatrização de feridas. Portanto o melhor deixar para dar o primeiro banho após 24 horas do nascimento do seu bebê.

Extraído do Consenso de Cuidados com a Pele do Recém Nascido da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

segunda-feira, 27 de maio de 2019


SOBRE A ADRENALINA NO PARTO


Qualquer situação que estimule um disparo na liberação de hormônios da família adrenalina também tendem a estimular o neocórtex e, como resultado, a inibir o processo de parto. Isso significa que uma mulher em trabalho de parto, antes de mais nada, precisa se sentir segura. Esse sentimento de segurança é um pré-requisito para a mudança de nível de consciência que caracteriza o processo de parto. Por todo o mundo, e também ao longo das gerações, a maioria das mulheres adotam uma estratégia similar para se sentirem seguras quando estão parindo, e assim manter um baixo nível de adrenalina durante o maior tempo possível. Elas se certificam de que suas próprias mães, dentro da estrutura familiar, ou então uma mulher, mãe e experiente, pertencente a comunidade...uma substituta para sua própria mãe, i.e., uma parteira.
Se considerarmos os mamíferos em geral, é uma vantagem para a sobrevivência das espécies que o trabalho de parto possa não acontecer caso a fêmea se sinta ameaçada (pois assim, ela está pronta para lutar ou fugir de um predador, se necessário). Enquanto um baixo nível de adrenalina é um pré-requisito para o início do trabalho de parto real, e para uma primeira etapa tranquila, o papel da adrenalina durante o trabalho de parto é, na verdade, complexo. Um afluxo de adrenalina é parte da espetacular liberação hormonal que ocorre minutos antes do parto.
Algumas mulheres podem atingir picos tais de secreção de hormônios, e reduzir de tal forma sua atividade neocortical, que elas comparam os últimos segundos do parto com um orgasmo. No começo dos anos 1980, um conhecido apresentador da TV BBC visitou nosso hospital na França. Durante sua visita, uma mulher deu a luz a seu primeiro bebê com apresentação pélvica. Uma hora após o parto, o apresentador perguntou à jovem mãe o que ela sentiu quando o bebê chegou. Sua resposta espontânea: ‘foi como um orgasmo’. Milhões de espectadores ingleses foram testemunhas.

Extraído do livro A Cientificação do Amor de Michel Odent