Há hoje uma grande polêmica em torno do parto em casa. Muita
gente fala muita coisa e, na maioria das vezes, o que não sabe. Podemos pensar
num exemplo: uma mulher com seu barrigão, pra lá de 37 semanas, vai em algum
lugar público e experimenta dizer que vai parir em casa. Ela, seguramente, vai
ouvir, pelo menos, uma pessoa dizendo para ela não fazer isso e contando o caso
de alguém que passou o pior parindo em casa. Pensemos agora em um segundo caso:
uma segunda mulher, com seu barrigão, vai nesse mesmo lugar público e diz que
vai parir no hospital. Certamente vai ouvir muitos incentivos, palavras de
força e sorrisos.
Agora vamos voltar cerca de 60 anos na história. Lá na época
de nossas avós ou bisavós. Essas duas situações. Será que a reação dessas
pessoas frente ao parto em casa e ao parto no hospital seria a mesma?
Então, colocando o cenário de parto em perspectiva,
percebemos que ele foi se modificando ao longo da história. O parto, que antes acontecia
em casa, na maioria das vezes, passou a ocorrer nos hospitais, as parteiras
foram sendo substituídas por profissionais de saúde e as mulheres foram
perdendo seu protagonismo e estando sujeitas à solidão em um dos momentos mais
significativos de suas vidas. Essa mudança ocorreu devido à própria mudança de
valores da nossa sociedade. Estamos mudando a todo tempo, a todo instante. Nos
foi naturalizado de que o termo ‘evolução’ é sair do pior para o melhor, mas se
pensarmos que ‘evoluir’ é apenas mudar e que a forma como vivemos hoje é apenas
diferente da forma como viviam nossos ancestrais, conseguiremos compreender e
aprender muito mais.
O parto hospitalar não é tão antigo. Mas existe tempo
suficiente para sabermos que não é o mais seguro. E com isso, não estamos demonizando
o parto hospitalar. O hospital deve sim existir para as gestações de risco,
para os partos que fogem o curso fisiológico. A cesárea deve sim existir, para
os casos que a via vaginal é inviável ou pouco recomendada. E vamos agradecer a
essa tecnologia que nos ajuda tanto.
Mas vamos perguntar para as mulheres ao nosso redor que
pariram em hospital, como elas se sentiram. Vamos perguntar as mulheres que
pariram em casa, como elas se sentiram. E vamos ver uma nítida diferença em
relação ao acolhimento, satisfação, emoções sentidas, conexão com o bebê e
segurança.
Porque a “moda” do parto em casa está voltando e que bom que
a “moda” é essa! Que bom que podemos voltar na história e ver como nossos ancestrais
sabiam o que estavam fazendo. E que o avanço tecnológico nos trouxe muitos
benefícios, mas que temos que usar com moderação.
E por aí vamos desmistificando o parto em casa. Quando alguém
decide parir em hoje , primeiro é avaliado todas as condições de saúde da
mulher, como foi o curso da gestação para saber se ela está apta a parir em
casa. Os partos em casa são, geralmente, acompanhados por parteiras experientes
ou profissionais da saúde como enfermeiras obstetras e médica/os obstetras que
passaram por um treinamento para as situações de risco. Há todo um plano de
contingência pré-estabelecido e há muita responsabilidade por todas as partes
envolvidas.
E claro que há situações que fogem do controle humano, e elas
permanecem em qualquer lugar, seja no hospital ou em casa. E esses índices estão
presentes nos estudos científicos, que comprovam o mesmo risco de morte em
ambos os lugares.
E o que sinto dessa polêmica toda é que ainda existe muito
medo. Medo da vida, medo da morte e medo da sexualidade. Porque o parto é também
um evento sexual. E todos esses medos ainda são grandes tabus em nossa
sociedade.
Um excelente parto a todas!
💦 Águas de Parto
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