sábado, 11 de maio de 2019


SOBRE PARIR EM CASA


Há hoje uma grande polêmica em torno do parto em casa. Muita gente fala muita coisa e, na maioria das vezes, o que não sabe. Podemos pensar num exemplo: uma mulher com seu barrigão, pra lá de 37 semanas, vai em algum lugar público e experimenta dizer que vai parir em casa. Ela, seguramente, vai ouvir, pelo menos, uma pessoa dizendo para ela não fazer isso e contando o caso de alguém que passou o pior parindo em casa. Pensemos agora em um segundo caso: uma segunda mulher, com seu barrigão, vai nesse mesmo lugar público e diz que vai parir no hospital. Certamente vai ouvir muitos incentivos, palavras de força e sorrisos.
Agora vamos voltar cerca de 60 anos na história. Lá na época de nossas avós ou bisavós. Essas duas situações. Será que a reação dessas pessoas frente ao parto em casa e ao parto no hospital seria a mesma?
Então, colocando o cenário de parto em perspectiva, percebemos que ele foi se modificando ao longo da história. O parto, que antes acontecia em casa, na maioria das vezes, passou a ocorrer nos hospitais, as parteiras foram sendo substituídas por profissionais de saúde e as mulheres foram perdendo seu protagonismo e estando sujeitas à solidão em um dos momentos mais significativos de suas vidas. Essa mudança ocorreu devido à própria mudança de valores da nossa sociedade. Estamos mudando a todo tempo, a todo instante. Nos foi naturalizado de que o termo ‘evolução’ é sair do pior para o melhor, mas se pensarmos que ‘evoluir’ é apenas mudar e que a forma como vivemos hoje é apenas diferente da forma como viviam nossos ancestrais, conseguiremos compreender e aprender muito mais.
O parto hospitalar não é tão antigo. Mas existe tempo suficiente para sabermos que não é o mais seguro. E com isso, não estamos demonizando o parto hospitalar. O hospital deve sim existir para as gestações de risco, para os partos que fogem o curso fisiológico. A cesárea deve sim existir, para os casos que a via vaginal é inviável ou pouco recomendada. E vamos agradecer a essa tecnologia que nos ajuda tanto.
Mas vamos perguntar para as mulheres ao nosso redor que pariram em hospital, como elas se sentiram. Vamos perguntar as mulheres que pariram em casa, como elas se sentiram. E vamos ver uma nítida diferença em relação ao acolhimento, satisfação, emoções sentidas, conexão com o bebê e segurança.
Porque a “moda” do parto em casa está voltando e que bom que a “moda” é essa! Que bom que podemos voltar na história e ver como nossos ancestrais sabiam o que estavam fazendo. E que o avanço tecnológico nos trouxe muitos benefícios, mas que temos que usar com moderação.
E por aí vamos desmistificando o parto em casa. Quando alguém decide parir em hoje , primeiro é avaliado todas as condições de saúde da mulher, como foi o curso da gestação para saber se ela está apta a parir em casa. Os partos em casa são, geralmente, acompanhados por parteiras experientes ou profissionais da saúde como enfermeiras obstetras e médica/os obstetras que passaram por um treinamento para as situações de risco. Há todo um plano de contingência pré-estabelecido e há muita responsabilidade por todas as partes envolvidas.
E claro que há situações que fogem do controle humano, e elas permanecem em qualquer lugar, seja no hospital ou em casa. E esses índices estão presentes nos estudos científicos, que comprovam o mesmo risco de morte em ambos os lugares.
E o que sinto dessa polêmica toda é que ainda existe muito medo. Medo da vida, medo da morte e medo da sexualidade. Porque o parto é também um evento sexual. E todos esses medos ainda são grandes tabus em nossa sociedade.

Um excelente parto a todas!

💦 Águas de Parto


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